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Racismo reverso? Entenda termo utilizado nas redes para caso de assessora demitida do governo

Debate sobre a prática de 'racismo reverso' surgiu após declarações feitas pela então assessora do Ministério da Igualdade Racial. Veja o que especialistas entendem sobre o termo

Conceito de "racismo reverso" não se aplica ao Brasil, sendo um 'equívoco interpretativo'
Conceito de "racismo reverso" não se aplica ao Brasil, sendo um 'equívoco interpretativo' - Divulgação/JC Concursos
Pedro Miranda

Pedro Miranda

redacao@jcconcursos.com.br

Publicado em 27/09/2023, às 11h41 - Atualizado às 16h11

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Nesta semana, as redes sociais foram palco de algumas discussões sobre o chamado “racismo reverso”. Os questionamentos surgiram após declarações feitas pela então chefe de assessoria do Ministério da Igualdade Racial, Marcelle Decothé, no último domingo (24). Exonerada do cargo, ela teria debochado e insultado a torcida do São Paulo Futebol Clube e habitantes do estado de São Paulo.

Neste cenário, surgiram comentários de que a ex-servidora do governo teria praticado 'racismo reverso' contra pessoas brancas. No entanto, embora o termo seja amplamente discutido por determinados grupos sociais, muitos especialistas e autoridades concordam que ele não tem respaldo jurídico no país.

Esse debate teria começado em 2020, quando o Ministério Público Federal denunciou um homem declaradamente negro com traços indígenas por supostas declarações discriminatórias feitas no perfil dele no Facebook. As postagens teriam pregado ódio, separação de raças e discriminado mulheres negras que se relacionam com homens brancos.

No entanto, o juiz federal substituto João Moreira Pessoa de Azambuja, da 11ª Vara da Seção Judiciária de Goiás, julgou a denúncia improcedente, citando a jurisprudência que rejeita o conceito de "racismo reverso". O magistrado também enfatizou a definição de racismo estabelecida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que o considera um crime que envolve contexto histórico e manifestação de poder.

+++ Governo demite servidora do Ministério da Igualdade Racial após ofensas à torcida do São Paulo

Conceito de "racismo reverso" não se aplica ao Brasil, sendo um 'equívoco interpretativo'

Em sua decisão, o juiz destacou que o racismo no Brasil é um fato histórico e presente, enraizado na adoção do regime escravocrata como modo econômico de produção. Ele argumentou que, ao longo da história, pessoas brancas nunca foram discriminadas com base na cor da pele, ao contrário de pessoas negras que enfrentaram séculos de discriminação, violência e preconceito.

O magistrado também apontou que as religiões de matriz europeia nunca sofreram discriminação no Brasil, enquanto as religiões de matriz africana enfrentaram perseguição e destruição de seus locais de culto até os dias atuais. Ele enfatizou que os valores culturais e religiosos dos povos indígenas também foram subjugados pelas crenças europeias.

Diante desse contexto histórico e social, o juiz concluiu que o conceito de "racismo reverso" não se aplica, sendo um equívoco interpretativo. A decisão do magistrado alimentou ainda mais o debate sobre o racismo e a discriminação racial no país, destacando a importância de se compreender o racismo como um fenômeno que vai além da cor da pele e que tem raízes profundas na história brasileira.

Conforme opinou o jornalista Renato Souza no X, antigo Twitter, isso não implica que o comportamento da assessora não tenha sido antiético, anti-profissional e até mesmo questionável em termos de probidade. 

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